Essa pesquisa foi apresentada na defesa de conclusão do TCC de Jamilson Denys no ano de 2017 na UFMA (Universidade Federal do Maranhão) para o curso de licenciatura em música e que teve como uma das propostas apresentar como a guitarra elétrica foi inserida na cultura de São Luís do Maranhão.
Para entender essa trajetória foram feitas entrevistas com músicos que fizeram parte do cenário musical em diferentes períodos e que mencionaram o surgimento da guitarra elétrica em São Luís direcionado à grande influência do movimento da Jovem Guarda na década de 1960 e que também ocorreu em diversos estados brasileiros. Vários músicos e artistas foram figuras importantes para influenciar uma geração de novos músicos que iam sendo impactados por outros movimentos surgidos principalmente nos anos de 1980 com bandas que se tornaram populares com o movimento do pop rock e que resultou em uma grande procura em querer aprender e a tocar uma guitarra.
Anteriormente, a forma de aprendizagem estava pautada em trocas de informações e vivências práticas que são características principais do autodidata, no entanto, a falta de um conhecimento específico de algumas situações as vezes tornava-se uma barreira para entender determinados aspectos teóricos e técnicos que são importantes para um aprendizado mais consistente, pois faltava alguém para direcionar alguma metodologia que oferecesse atalhos mais práticos.
SOBRE A ESCOLA DE MÚSICA
Na década de 1990, a EMEM (Escola de Música do Estado do Maranhão) inaugura em sua grade curricular o curso de guitarra elétrica que na época estava sob a direção de Antônio Francisco de Sales Padilha e tem o músico Norlan Lima com o primeiro professor. Como já mencionado vale ressaltar que antes dessa iniciativa não havia outros meios formais de se aprender a tocar guitarra, nem o uso de uma metodologia e um direcionamento profissional, não obstante, há pelo menos duas décadas, vários músicos que executavam em grupos musicais de baile já terem contribuído para que a guitarra elétrica fosse popularizada entre os jovens de São Luís, que queriam aprender a tocar a guitarra elétrica.
Assim, sabedor que antes mesmo da iniciativa da Escola de Música em oferecer o curso de guitarra, já existia um movimento em torno do aprendizado do instrumento, busquei, utilizando as entrevistas, as informações correspondentes a esse período. Para tanto, entrevistei vários guitarristas que atuaram em diferentes períodos, para poder conhecer os métodos e metodologias que foram desenvolvidos para o que o ensino/aprendizado de tocar a guitarra elétrica e como eles foram repassados posteriormente aos músicos que vieram depois dessas duas décadas.
OS PERSONAGENS
As entrevistas começaram pelo guitarrista Oberdan Oliveira que fez parte de várias bandas nos anos de 1960 atuando como cantor e guitarrista e ficou muito conhecido por fazer parte da Banda Nonato e seu conjunto do maestro Nonato, um grupo musical com início na década de 1960 e que por vários anos foi referência para muitos músicos do Maranhão. Oberdan e outros músicos da época fazem menção a outro músico do mesmo período como sendo o responsável de ter inserido a primeira guitarra elétrica no cenário musical desta época chamado por eles de Rivo Sérgio (já falecido) que era natural de Fortaleza (Ceará), segundo Oberdan que o menciona como sendo um músico que tinha grande capacidade para criar solos nas músicas e grande capacidade de acompanhar os artistas que atuavam nos bailes das festas de São Luís nesse período. Para obter mais informações, conseguir mais detalhes com o filho do Rivo Sérgio que me detalhou que o seu pai havia viajado para o Recife (Pernambuco) e comprou uma guitarra Giannini modelo Lespaul, ou seja, essa foi a primeira guitarra que surgiu em São Luís ou talvez no Maranhão. Outro ponto também abordado por todos que fizeram a entrevista era a influência dos programas de TV e Rádio nas suas formações como músicos guitarristas, pois era possível a partir daquele momentos verem os seus ídolos, instrumentos, perfomances e vários detalhes que ajudaram a propagar ainda mais a guitarra na capital maranhense.
Outros nomes foram surgindo para contribuir ainda mais, no entanto, alguns nomes ficaram de fora em virtude por não termos encontrado registros ou parentes que pudessem comprovar alguns fatos mencionados por outros músicos. Sendo assim, irei mencionar alguns nomes que tiveram e ainda tem suas importâncias na história da guitarra elétrica em São Luís. Claro que, se fossem falar sobre cada um deles o texto iria ter uma proporção de conteúdo muito extenso, sendo assim, faremos uma relação para registrar a sua importância em seus variados seguimentos artísticos e claro dando total importância as suas contribuições.
- Oberdan Oliveira
- Rivo Sérgio Brito
- Francisco Carlos Ribeiro (Chico da guitarra)
- Pedro Paulo Machado (PP Júnior)
- Jayr Torres
- Francisco Lopes da Costa (Chiquinho França)
- Ronald Silva Santos
- Jota Gomes
- Roque Costa Filho (Roquinho)
- Ezequiel Martins Santos (Zico)
- Agnaldo Sousa
- Jessivaldo Silva
- Edinho Bastos
- Marcus Lussaray
- Norlan Lima
- Outros
Bem, Claro que alguns nomes ficaram de fora da relação, entretanto este foi um trabalho apresentado para a defesa de um TCC e se ampara por fatos divulgados durante o processo das entrevistas e por fatos que comprovaram os personagens acima. Outro aspecto importante é que a partir dessas análises foi possível fazer classificações por gerações e perceber diferenças entre os músicos guitarristas de cada fase, principalmente em dois fatores: O acesso ao conhecimento técnico de como tocar a guitarra elétrica e a dificuldade de conseguir material didático para o auxilio do estudo.
AS GERAÇÕES
Essa percepção me levou a mapear os guitarristas, tomando como referência o tempo cronológico de seu início de estudo. Assim, eu considerei três gerações. A primeira que se inicia na década de 1960 e vai até o início da década de 1980. A segunda geração coincide com o início da década de 1980 e vai até o uma parte da década de 1990. E a terceira geração que é constituída dos formados na Escola de Música do Estado do Maranhão, a partir do segundo período da década de 1990 e se estende até os dias atuais.
Durante o processo de pesquisa foi adotado 3 gerações distintas e seus representantes e o papel importante que a partir da década de 1990 a EMEM. A terceira geração de guitarristas do Maranhão, diferentemente das duas anteriores, que são frutos quase que exclusivamente do autodidatismo, é conhecida como os guitarristas que foram moldados a partir de um ensino formal calcado em uma pedagogia, métodos e metodologia aplicados na Escola de Música do Estado do Maranhão. Dessa geração fazem parte: Eline da Cunha Silva (que foi a primeira aluna de guitarra elétrica da EMEM), Jamilson Denys e Antônio Elias que atualmente são professores da EMEM, Sued Richarlyson, Sandréia Pereira Santana Lopes, Paulo Santos, entre outros. Esses nomes são de alunos considerados da primeira leva, e que ingressaram na EMEM na década de 1990. A partir da década de 2000, são considerados como a segunda leva: Januário Alves (Jota Alves), Samuel Jafé, Carlindo Filho, Marcones Pinto, Jonatas Duarte, Mailson Otávio, André Mendes, Higor Inocentes, Diogo Carvalho, Carlos Ernane entre outros. Para que se compreenda como foi o ensino aprendizagem dos egressos da EMEM é bom que se saiba um pouco sobre essa instituição com quase 50 anos de existência e sua importância para São Luís e o estado do Maranhão como um todo.
Finalizo este texto afirmando que a história da inserção da guitarra elétrica no cenário musical de São Luís possuem mais conteúdos fazendo com o que o texto ficasse muito extenso e por isso resolvi resumir e pontuar somente o objetivo central de quem foi e como foi que esse instrumento surgiu nesta cidade ou estado, no entanto, caso alguém queira saber mais sobre esse enredo é só me enviar o email que eu disponibilizarei o material. O objetivo deste trabalho é gerar conteúdo de valor e resultar para que nós músicos possamos está mais consciente do nosso papel como artista, pesquisador, professor, educador e quebrar conceitos que algum tempo atrás éramos intitulados e que não proporcionava o real valor da nossa profissão.
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